Sex, 24 de novembro de 2017, 14:59

Colégio de Aplicação realiza quarto Seminário de Iniciação Científica
Evento recebeu debates e apresentação das pesquisas produzidas por alunos e professores

Eles estudam no ensino médio ou fundamental e já conhecem o mundo das inquietações e descobertas da ciência. Os estudantes do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe (Codap/UFS) apresentaram na manhã desta sexta-feira, 24, o andamento de suas pesquisas orientadas por seus professores.

As apresentações integram a programação do 4º Seminário de Iniciação Científica Júnior do Codap, que teve também debates sobre a produção de ciência no Colégio, em palestras e mesas-redondas. O evento faz parte da IV Semana Acadêmico-Cultural (Semac) da UFS.

Veja aqui as fotos do evento

O Programa de Iniciação Científica Júnior (PIBICjr) tem o objetivo de despertar nos jovens o gosto pela área de pesquisa. As bolsas são disponibilizadas pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do estado de Sergipe (Fapitec).


André Oliveira, diretor do Colégio de Aplicação (Codap)
André Oliveira, diretor do Colégio de Aplicação (Codap)

Para o diretor do Codap, André Oliveira, o PIBICjr é uma ótima oportunidade para integrar os jovens e adolescentes no universo da ciência. “Os orientadores exigem deles pesquisas muito semelhantes [às da graduação], com a mesma organização da metodologia, da estrutura de um trabalho de pesquisa dos alunos da graduação”, explica. “Diminuem um pouco as exigências, mas as características são semelhantes”, conclui.

Estudantes pesquisadores

As alunas do primeiro ano do ensino médio Wesliane Gabriela e Laura Mecenas pesquisaram o trabalho informal em Aracaju, orientadas pela professora Marcleia Elias Moura. Elas concluíram que a informalidade gera precariedade para esses trabalhadores. “As pessoas que trabalham nesse setor têm uma renda muito baixa, nem todos conseguem alcançar sequer um salário mínimo”, diz Laura, “e a duração do trabalho é cansativa”. “Eles geralmente trabalham de 7, 8 horas da manhã, até fechar o centro, sem pausa, porque geralmente trabalham sozinhos”, completa Wesliane.


Laura Mecenas (esq.) e Wesliane Gabriela: a contribuição da pesquisa é, inclusive, moral
Laura Mecenas (esq.) e Wesliane Gabriela: a contribuição da pesquisa é, inclusive, moral

Participar de pesquisa ainda no ensino médio acaba abreviando etapas no futuro desafio da graduação. Wesliane entende que o PIBICjr ajudará a encarar a universidade. “Muitos professes falam que o que a gente tá aprendendo, o pessoal da universidade vai aprender lá para o final – às vezes chega no TCC [Trabalho de Conclusão de Curso] e nem sabe direito como faz”, conta.

Laura completa que o aprendizado é também para a vida. No caso da pesquisa sobre o trabalho informal, por exemplo, as alunas acabaram conhecendo melhor a realidade do país em que vivem. “O Brasil, do jeito que tá, com a falta de recursos... então é meio uma lição de vida”, relata a discente. Wesliane concorda que pesquisa ajudou além do aprendizado. “Ajudou a gente no sentido moral, porque tivemos uma lição de vida com os trabalhadores da informalidade”, finaliza.

Pedro Henrique, aluno do segundo ano do ensino médio, já havia feito pesquisa no nono ano do ensino fundamental, quando morou no Maranhão. Ao voltar para Sergipe, passou a integrar, com outros quatro colegas, uma pesquisa sob orientação dos professores Gilderman Silva Lázaro e Adjane da Costa Tourinho. O estudo pretende transformar fibras da bananeira em papel artesanal.


Pedro Henrique integra equipe que estuda a fabricação de papel artesanal a partir da fibra da bananeira
Pedro Henrique integra equipe que estuda a fabricação de papel artesanal a partir da fibra da bananeira

“O Brasil é um dos maiores produtores de banana do mundo”, pontua. “A banana só dá uma vez, aí ela vira dejeto, então vamos pegar esses dejetos e produzir papéis que poderão ser usados artesanalmente com baixo custo”, diz. Pedro explica que o papel produzido poderá ser usado em decoração e será de fácil fabricação, inclusive doméstica.

Para alcançar o produto final, os estudantes trabalharão a matéria-prima em vários estágios. “Vamos colher a fibra e trazer aqui pra escola, para fazer os processos de cozimento, lavagem... o processo tem muitas etapas, mas é simples, dá para fazer em casa”, discorre Pedro.

A iniciação científica no ensino básico

As percepções de Wesliane, Laura e Pedro sobre as contribuições que a pesquisa lhes dá estão de acordo com o objetivo do PIBICjr. É o que atesta a professora Adjane Tourinho, coordenadora do Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Educação Básica (EPEEB) do Codap.


Adjane Tourinho: "o conhecimento científico tem uma forma de produção que o diferencia de outras formas de saberes"
Adjane Tourinho: "o conhecimento científico tem uma forma de produção que o diferencia de outras formas de saberes"

“A iniciação científica júnior possibilita ao aluno perceber aspectos fundamentais da natureza da ciência, perceber que o conhecimento científico tem uma forma de produção que o diferencia de outras formas de saberes”, descreve. “Ele tem que elaborar hipóteses, coletar dados, organizar e analisar esses dados, enfim, produzir conhecimento”, assinala a docente.

Semac

Com o tema “Qualidade e desempenho acadêmico”, a 4ª Semac tem como objetivo integrar, articular e socializar a produção do conhecimento, o ensino, a extensão, a inovação, a arte e a cultura para, efetivamente, construir uma universidade solidária, ancorada na realidade social.

Marcilio Costa
comunica@ufs.br


Atualizado em: Sex, 24 de novembro de 2017, 15:13
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